quarta-feira, 30 de abril de 2014

Os ricos e o reino de Deus - Zaqueu 01


Lucas 19.1-10
1. Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade.
2. Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico.
3. Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura.
4. E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali.
5. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa.
6. Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria.
7. Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador.
8. Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.
9. Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão.
10. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.

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“Zaqueu... era rico”. Isso incomoda muito a alguns! Talvez porque “as pessoas que são privadas de tantas coisas: prazeres, lazer, distrações... etc. Por falta de dinheiro, ou seja,   de coisas promovidas por “dinheiro”, que soa estranho quando alguém se encontra com uma pessoa que recebe o estigma de “rico”com necessidade. Seria como sugerir que fosse possível que alguém nessas condições tivesse alguma necessidade”. Isso parece incomum para alguém que vê suas necessidades sendo supridas na vida de alguém que reclama necessidade.
Temos discutido (diga-se de passagem, em alto nível) essa questão tão controversa – “Rico e o Reino de Deus”. Já aprendemos algo: 1. Deus não rejeita o rico, pois amou o mundo. Mas sim a forma como lidamos com o dinheiro; 2. Ser “rico” é uma questão a ser analisada, pois que, há muitos que são ricos para outro e não para si mesmos; 3. Aprendemos que “amar ao dinheiro” não é uma realidade apenas para que “tem dinheiro”. Muitas vezes “quem não tem dinheiro é quem mais o ama”; 4. Aprendemos que o próprio Senhor Jesus pode ter sido visto como “Burguês”, pois, fora comparado com “fariseus” (que eram em sua maioria empresários), fora comparado com “rabi” (que eram pequenos comerciantes) e até “se vestia bem”, pagava impostos. Logo, considerar que “ter algum dinheiro fecha as portas dos céus é, no mínimo controverso; 5. Aprendemos que Nicodemos, homem rico, creu em Jesus. Seu dinheiro não foi problema para sua salvação; 6. Aprendemos que é preciso respeitar o “tempo” de cada indivíduo. E que a posição social, financeira e formação intelectual podem ser barreiras para uma conversão rápida.
Agora nos encontramos com mais um rico que foi salvo, pois Jesus disse: “Hoje entrou salvação nessa casa”. E as palavras de Jesus não são mentirosas. Nossa pergunta hoje é: “Que lições podemos aprender na vida de Zaqueu?”, “Como este rico pode me ensinar algo importante para minha salvação?”. Na realidade são muitas as lições. São tantas que dividiremos este estudo de Zaqueu em duas partes. Hoje, trataremos de uma só parte.
Primeiro vamos entender “quem era Zaqueu”. O que este homem representava em sua época e como o encontro de Jesus com ele trouxe tanto comentário.
1.        (Vr 2) “...o qual era chefe de publicanos e era rico.”
“Um publicano”. Ser um publicano era como assumir publicamente inimizade com o povo de Israel e negar lealdade a sua própria nação.
Eram considerados publicanos  os responsáveis pela arrecadação de taxas, tributos e impostos, no âmbito da Antiga Roma Imperial. Eles eram detestados e rejeitados pelos judeus, que não admitiam a cobrança de impostos, a qual, segundo os fariseus, que tinham como função zelar pela doutrina hebraica, ia contra a Lei de Moisés.
Como sua profissão assumia, de certa forma, um grau de periculosidade, já que eles eram vistos com maus olhos pelo povo judaico, muitos preferiam ignorar a forma como os publicanos ampliavam suas fortunas. Era fato, porém, que muitos deles agiam inescrupulosamente, cobrando em demasia das pessoas, e contribuindo, assim, para o comprometimento de todos os coletores de impostos públicos, mesmo dos que eram realmente honestos.” (Por Ana Lucia Santana).
O que podemos aprender sobre isso? Uma questão muito importante: “Quando a Bíblia afirma que um publicano tornou-se rico não era algo assustador ou surpreendente para as pessoas daquela época. Pois, o salário de um publicano era tudo que ele conseguisse arrecadar acima do imposto exigido por Roma. Em outras palavras, embora a riqueza de Zaqueu fosse “injusta” não era, no entanto, “ilegal”. Aí entra uma lição a todos nós: O fato de ser legal uma determinada ação não significa que seja “moralmente correto”. O que Zaqueu fazia era legal, mas era também “imoral”.
Há muitas coisas que podemos fazer que são legais (dentro da lei). Mas, isso não implica que são, aos olhos da Bíblia, “moralmente corretas”. E essa “imoralidade social” tem sido uma das razões para que os “oprimidos” digam que Deus “não pode salvar aqueles que se enriquecem dessa forma!”
Poderíamos listar diversos “atos legais” mas também “moralmente incorretos” (Sei que cada membro do seu PG tem sua própria lista.).
Uma frase de Zaqueu torna-se importante aqui:

2.       (Vr 8)  “...Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.”

Seria esta palavra de Zaqueu uma “confissão” pública dessa “imoralidade social” praticada pelos publicanos, dos quais ele era chefe em Jericó? Parece que sim! Talvez a presença de Jesus tenha dispertado aquele homem para tudo que era praticado sem “nenhum peso na consciência”. Isso também deve ser discutido entre nós.
ü  Será que não nos incomoda ver pessoas não tendo o que comer?
ü  Será que não sentimos nada sabendo que muitas dessas pessoas são “nossos funcionários”?
ü  Será que não nos dói o coração imaginar que meu lucro está estabelecido sobre uma “injustiça”?
ü  Será que todos podem dormir sussegados sabendo que pessoas sofrem de “injustiça social” debaixo do nosso nariz?
Aqui quero partilhar algo que é pensamento meu (Pr. Israel): “Para mim, quando Zaqueu diz: “Se tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado” é, na realidade, a confissão de uma mente inquieta com a injustiça vivida em seu meio social, e também, a confissão de que “embora ele esteja debaixo da legalidade, ele assume estar debaixo de um ato de quietude diante da imoralidade da justiça social romana imposta sobre seu povo, e com concentimento dele”.
É curioso ver que sobre tudo que falamos Jesus tinha “total conhecimento”. Não lhe era oculto que tudo isso ocorria em Israel e nem que Zaqueu ajudava na promoção dessa “imoralidade”. No entando “O Senhor Jesus buscou a casa de Zaqueu”. Por que Jesus faria isso? Zaqueu não dava um “atestado de desonestidade” diante dos olhos de Jesus? Mas aí está a mensagem de Deus: “Ele veio para salvar aquilo que estava perdido. Ele veio curar os doentes. Ele veio alterar o que estava errado.”
Esse mundo só terá mudança quando Jesus entar em todas as casas e mudar a estrutura aceita como “natural”.
ü  Não é natural que alguém receba menos do que lhe é necessário para viver e que chamemos isso de salário!
ü  Não é natural explorar a mão de obra barata em custo de vidas humanas.
ü  Não é natural valorizar o “ter” em detrimento do “ser”.
ü  Não é cristão amar os bens mais que as pessoas.
ü  Não é natural saber que meus empregados passam fome para que eu e minha casa tenhamos cada vez mais.
ü  Não é natural que meus filhos estudem em escola particular e os filhos de amigos meus passem horas nas filas para conseguir uma vaga.

ü  Não é natural que eu veja isso como natural!!!

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