quarta-feira, 30 de abril de 2014

Os ricos e o reino de Deus - Introdução

Mateus 19.21-27
21. Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
22. Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens.
23. Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus.
24. E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
25. Quando os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então, ser salvo?
26. Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
27. Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós?


LOCALIZE-SE:

“... é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.” Essa palavra é pesada! Isso não é incomum nos discursos de Jesus. Muitas foram às vezes em que Ele foi direto e agressivo em suas palavras. Aqui, Jesus faz referência a uma “brecha” que era deixada nos muros de uma cidade para que os “arqueiros” pudessem lançar suas flechas com segurança. Essas “brechas” tinham 15 (quinze) centímetros de largura por 1 (um) metro de altura. Era realmente “impossível” que um homem passasse ali. Ainda mais se esse homem carregasse “todos seus bens”. Mas, será que Jesus está falando que “se alguém tem dinheiro o suficiente para ser considerado rico, ele não terá qualquer condição de entrar nos céus?” Vamos ver isso.
Esse sentimento que os brasileiros alimentam sobre essa passagem bíblica de que “Deus não gosta de rico” ou “que seja bom que rico encontre alguma dificuldade para herdar riquezas espirituais, porque já possuiu as materiais” é explicada pela condição social de ‘terceiro mundo’ que nosso país tem desde seu descobrimento.
A diferença social é um fator forte em questões espirituais. E no Brasil isso não é diferente! Discute-se, devido à questão social: o amor de Deus, a bondade de Deus, o favor de Deus e até a salvação dos ricos.
Hoje, em nossa nação a “renda per capita” (renda por cabeça) oscila de uma grande fatia de pessoas que ganham R$ 81,00 (classificadas como extremamente pobres) até uma pequena fatia que recebe R$ 9.991,00 (Classe Alta). Essa diferença gera um sentimento de “injustiça” e de “indignação”. A má distribuição de renda faz com que as pessoas direcionem seu entendimento de que “ricos são opressores”, então “ter dinheiro é tornar-se inimigo de Deus”. Seria isso assim mesmo? Os ricos não merecem a misericórdia de Deus, pois que, seus deleites já estão sendo dados hoje? Isso pode ter a aparência de justiça. Isso pode ter a aparência de equidade (equilíbrio) divina. Mas, é assim mesmo?
Nossa primeira pergunta para tentarmos desenvolver esse tema é:
1.        “Quando é que alguém se sente rico?”
Essa pergunta é importante, porque mostra-nos bem como “ser rico” é uma questão de “perspectiva” e não de “condições”. Explico! Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou que os americanos, de maioria classe média, dizem que - “se sentiriam ricos quando tivessem três milhões de dólares”. Mas, o curioso é que “os americanos que possuem três milhões de dólares dizem que se sentiriam ricos quando possuíssem seis milhões de dólares e os que possuem seis milhões, quando tivessem 20 milhões”. Ou seja, geralmente as pessoas consideram riqueza “a condição de conforto que o outro tem ou ostenta ter”. Essa análise parte de um princípio equivocado!
Analise comigo a “própria condição do brasileiro”. Nosso país tornou-se emergente desde 2001, com a criação da BRICS. Até então a maioria dos brasileiros não tinham carros novos, casas novas, carros importados, eletros eletrônicos, computadores, etc. E, todos consideravam as pessoas que possuíssem tais coisas como “ricas”. Mas, hoje, que ‘muitos tem’ estas coisas, essas mesmas pessoas classificam sua condição como “trabalhosa e de muita luta”. Ou seja, sempre buscaremos mais para nos sentirmos ricos.
Agora, com esse entendimento, eu pergunto:
2.       “Se Jesus voltasse em um tempo que você se classificava como pobre, você subiria com Ele por isso? E ainda, se Jesus voltasse agora, que muitas pessoas dizem que você é rico, você ficaria por isso?”
Para muitas pessoas “eu e você somos ricos”! Isso depende de como essas pessoas se encontram economicamente hoje. Se, estas pessoas andam a pé e você tem carro; ou, se moram de aluguel e você tem casa própria; ou ainda, se seus filhos estudam em escolas particulares e as dele não, etc.
 Isso implica em outra perguntinha:
3.       “Se hoje, para muitas pessoas, você é rico. O texto de Mateus seria para você? E ainda, seria justo que hoje Deus retirasse de você o direito de ser salvo só porque você conquistou o conforto que você e sua família merecem ter?”
A resposta é simples: “claro que não!” Primeiro você diria: “Não sou rico, os outros é que acham!”, depois você diria: “Se as pessoas soubessem o quanto eu trabalho para ter o que possuo!” Mas, não é exatamente assim que classificamos as pessoas, pelo que vemos que ela possui e não pelo que ela é?
Então, nosso assunto é bem interessante! Deus classifica pessoas por classes sociais? Não. Então, essa marca somos nós quem produzimos.


ROMANOS  2.11
“pois para com Deus não há acepção de pessoas”

E isso é sério!

TIAGO  2.9
“Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como transgressores.”

Então, tudo isso constrói outra pergunta: “Realmente, há algum mal no dinheiro?”
Veja você mesmo o que diz a Bíblia:

I TIMÓTEO  6.10
“Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.”

Segundo o apóstolo Paulo, sim, o dinheiro é agente promotor de “toda espécie de males”. Mas, uma boa observação ao texto mostra-nos que a questão está relacionada ao “amor dedicado a ele (dinheiro)”.
Como tenho dito: “Nada está tão difícil que não possa piorar!”. Vamos a outra pergunta que se soma as demais:
4.      “Se o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Qual é a dependência que um rico tem de dinheiro? E qual a dependência que um pobre tem do dinheiro? Qual deles poderá ‘amar’ o dinheiro por causa dessa dependência?
Isso é sério! Primeiro porque “aprendemos que ‘o pobre’ para mim pode significar ‘o rico’ para o outro”. Segundo, “Porque tanto o rico quanto o pobre podem amar o dinheiro”.
Experiência vivida por mim (Pr. Israel):
“Quando cheguei a Bocaiúva fui impactado com uma cena horrível no Banco Itaú. Duas senhoras, de repente começaram a discutir por R$ 1,00. Isso mesmo! Um real. Aquilo foi um susto. Quase tirei esse valor e passei a “dona”. Uma delas dizia: “Eu quero meu “um real”... É meu!”. A pergunta é: “Só ricos amam dinheiro?”

Na verdade, tanto o ‘rico’ (eu ou você) quanto o ‘pobre’ (eu ou você) dependem de “dinheiro”. E mais, lutamos por ele todos os dias. E, isso não faz de nós ‘mercenários egoístas ou amantes do dinheiro’.
O grande problema de toda essa explicação é ‘que muitas vezes discriminamos ou somos discriminados por conquistarmos algumas coisas’. Isso é errado!
Voltemos ao texto inicial para encerramos nossa “introdução ao tema”.

(v 27) “Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós?”

A palavra de Pedro deixa claro que “ele não compreendeu” a mensagem de Jesus ao jovem rico. Veja, ele pergunta, em outras palavras (no contexto):
1.        “Então, nós que tínhamos pouco e deixamos o que tínhamos para seguí-lo, já estamos salvos?”
2.       “O que receberemos?”
Na primeira pergunta Pedro quer saber se a “pobreza e dificuldade” são “garantias” de salvação. Na segunda pergunta, ele procura “prêmio”. A resposta de Jesus é bem direta:

Mateus 19.28-30
28. Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
29 E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.
30 Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.

Primeiro ele responde: “Parabéns por me amarem mais que as coisas. Deus tem recompensa para vocês por isso”. Segundo, ele responde: “Isso não faz de vocês maiores ou melhores que outros”.
Gostaria que você pensasse duas coisas hoje sobre essa questão:
1.        Minha condição social (boa ou má) pode ser uma cilada para minha fé.
2.       Minha condição social é resultado de escolhas que fiz ao longo dos anos sobre minhas prioridades na vida.

Gostaria que vocês pensassem em aspectos dessa verdade:

·         As pessoas não devem ser classificadas por sua ‘questão financeira’ (pobre ou rica);
·         Deus não classifica pessoas por essa razão puramente humana;
·         Deus ama a todos (“amou o mundo” – Jo 3.16)
·         A discriminação existe para todos os lados, não só com os pobres;
·         Tanto os ricos como os pobres tem necessidades espirituais;
·         “Ter” pode não ser suficiente;

·         “Ser” pode não ser suficiente;

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